POEMA COM DENTES DE TIGRE

Poemar é parir palavras,

gerá-las nas entranhas,

como quem, a terra,

lavra,

até libertá-la

- libélula -

cria recém-nascida,

que berra,

na ausência da fala,

a dor sentida

diante de realidades

inóspitas e estranhas.

Poemar é tirar da palavra,

antes anódina

e disforme,

o sentido,

lírico ou trágico

do poema,

tarefa de mãe extremosa,

que o feto nutre

com alimento mágico,

livre de toxinas,

do próprio ser extraído.

Poemar é tarefa sublime,

que medra afetuosa,

em jardim onde não se supusera,

é planta que nasce no muro

- hera -

uma-a-uma,

com alegria,

em surdina,

animal ornitológico,

com olhos de águia

e dentes de tigre.

- por JL Semeador, madrugada de 05/03/2010 -

jlsantos
Enviado por jlsantos em 05/03/2010
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