PELA ORLA DO MAR

Através do mar, pela orla, caminho

teus passos na areia, silente

guardo o teu segredo nos meus

olhos a horizonte, aonde nascem

as manhãs mais prenhes de vida

a despontar na nossa pele salgada.

A espuma do mar vai apagando

todos os nossos vestígios, mas

escutando um búzio é de tua voz

o som que chega até mim como

uma andorinha que não se foi

com a primavera, no último ocaso.

Vislumbro-te à minha frente em

cada vai e vem das ondas cavalo

e te desenho perfeita no areal

pedrinha a pedrinha

até te formar corpo visível

por mim tão desejado como amado.

No céu azul teu rosto parece sorrir

de meu ser desajeitado que te traz

à lembrança, entre algas e espuma

conchas que o mar vai depositando

na areia, junto às minhas mãos

que te vão esculpindo, grão a grão.

E são os ventos marítimos e as gaivotas

que me acordam para a tua presença

e o marulhar das águas, um pouco mais ao

longe, traz-me rosas brancas tão brancas

como a areia do mar, com as quais eu

vou enfeitando o teu cabelo, doravante.

Minha eterna musa que deixas o teu quê

do porquê de ser assim para mim, algo

de divino e grandioso, que as águas levam

e trazem, conforme meu desejo mais

discreto, e que te saúdam senhora de meus

sonhos despertos a cada novo amanhecer.

Jorge Humberto

10/02/10

Jorge Humberto
Enviado por Jorge Humberto em 10/02/2010
Código do texto: T2080404
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