Iluminado

“Faz tempo que eu te espero

E te quero bem.”

(Hebert Vianna)

Era eu um anjo caído

Debilitado

“Felicidade não é nada”

Diziam minhas asas quebradas.

Já não sabia o que eram lágrimas

Misturadas à chuva e suas águas

Águas que levavam tudo

Menos a mim desta tempestade.

Tentei me levantar

E acreditar que aquilo,

Aquela instabilidade,

Daria para superar

Mas as asas pesaram

E meus pés falaram

Que não agüentariam

O peso de uma caminhada...

Senti vento no rosto

A chuva queria passar.

Serão minhas asas

Querendo voar?

Não.

Eram asas,

Mas não as minhas

E do céu vinha

Outro anjo em meu socorro.

Tão perdido quanto eu

Perguntava

“Que faz um anjo fora do céu?”

As palavras eram tão acolhedoras

Quanto sua voz

E minhas asas responderam

A um leve toque.

Senti cheiro de flores

Vi o azul do céu

Diminuíram as dores

“Há muito me perdi...”

Dizia ele

Diante de mim

“Talvez eis aqui

O propósito de minha desorientação”

E estendeu- me a mão

Segurei- a.

“E talvez eis aqui

O propósito de minha perdição”

Disse eu.

Senti o sol no rosto

E meus olhos

Já não viam um mundo torto

“Minha caminhada devo reencontrar”

Soou sua voz,

Com olhos no horizonte.

“O ajudarei.”

Disse eu.

Ele sorriu

Segurei sua mão

Batemos as asas

Rumo ao horizonte

E não mais meus pés

Sentiram o chão.

Jéssyca Pinho

Belém, 26 de janeiro de 2010.