MEU BEM QUERER
Fátima Irene Pinto
 
Não desperta amor que deixa insone
nem paixão que deixa insana
nem ciúme que enlouquece.
Meu bem querer às vezes some
e a vida segue em frente
ao sabor da paz que ele deixou
pois o que vem dele não fenece.
E quando, sem avisar, reaparece
é como se nunca tivesse partido
porque um tanto de si e de sua presença
permanecem indeléveis comigo.
Jamais nos dissemos um adeus
nem mesmo um até breve nos dissemos
jamais falamos do amanhã ou sobre o correr dos anos
nunca pensamos no futuro ou fizemos qualquer plano.
É assim meu bem querer: calmo, sem coração aos pulos, 
sem expectativas, sem apegos,
ciúmes, desatinos ou pulsões,
não é amor de amigo nem amor de irmão
Nossas vidas têm apenas um halo
e um elo de branda e doce comunicação
para a qual talvez nem haja definição.
Mas na leveza e na liberdade deste sentir
meu bem querer, mesmo sem saber,
tem a senha e acesso livre
às avenidas do meu
coração.