Néctar de Amor
Eu vi uma bela flor, que tanto
Chorava num jardim. Seu pranto
Foi seiva e orvalho, qual cristal.
Eu vi o beija-flor, que tenso,
Razou as asas, inda penso,
Ao brilho, ao triste, à flor teatral.
Asas ligeiras... Suas asas,
Vento e bonança! Como as casas
Onde em roseiras mais sorriu
Planta como esta, que murchou.
Murcha em terras que arraigou
Duro cimento seco e frio.
Beija-flor, derradeiro dom
Tem teu bico: Tirar-lhe o som
Deste embalo pesado, atroz.
Nectar puro levai alhures
Com seu pólen. E assim mistures,
Dando a vida às roseiras sós.