Outro amar

Outro amar

E havia pensado que o amor

Nascesse simplesmente do lampejo,

Do olhar, do abraçar, do beijo,

Sem que a razão de querer amar

Fosse maior que o desejo

De simplesmente estar.

E me disseram que o amor

Forjado pelo desejo do corpo,

Sem amor, sem paixão, sem razão,

Nasce num dia e dura uma noite,

Até que o sexo, o orgasmo, a traição,

Alcance a realidade como açoite.

E assim aprendi que o amor

Que silenciosamente grita mas sabe esperar

Procura sozinho caminhar seu destino

Sem que tenhamos de guiá-lo

Pela fragilidade do que somos,

Pela incerteza do que queremos.

Rangel Alves da Costa