COMO É QUE AMEI.
COMO É QUE AMEI!
Um amor que entrou
Pela janela
Revistando as artérias
E num pulsar das veias
Atirou-se no chão
Escorregando pelas frestas
Que encontrou no coração
Como é que amei!
Vendo o coração bater tão rápido
Acelerando a respiração
Para morrer de morte súbita
Aquietando sem pulsar
O coração.
Como é que amei!
Se o coração já não se agita
E já se encontra adormecido,
Feito anjo que não tem no que pensar.
Não fechei as janelas
E as portas não vão trancar.
Quero ver quem chega
Querendo do coração se apossar
Não vai adiantar
chegar que nem passarinho
Que veio uma migalha roubar
Para depois vê-lo saindo
Voando na direção do mar.
Como é que amei?
Se muito amei,
Portas e janelas tranquei!
Agora não tranco mais.
Quero ver o coração livre
Com portas e janelas escancaradas
Para quem entrar por um lado
Não ter como se prender
Saindo pelo outro lado
Antes mesmo de reter,
Sem poder me machucar.
Como é que amei!
Agora indiferente e alheia
Nem penso amar
O coração nem ama
É a mente que se espanta
Criando vida e dando vida
As coisas banais.
Ele! Pobre coração é apenas um órgão
Que se parar de bater mata.
Agora a mente inventa
E a invenção criativa demais
O que ali se cria,
Não morre nunca mais.
Defeitos