A DOR
O mar em seu frio e sombrio lençol
Me envolve e me abraça em sua dor,
Sob o calor e a luz desse ingrato sol
Que não mais me aquece, nem apetece
Nesse cómodo estupefato, me afogo
E em ti sensivelmente sem vida,
Naufrago longe desse reino encantado,
Um dia encontrado na avenida da saudade
Não sou lágrima não, mas sou o pranto
Que nessa crueldade gelada e desvendada
Nasce e corre no rio da vulnerabilidade,
Desce e morre no leito da impassibilidade
Talvez fomos a perfeição da imortalidade,
A comunhão do divino num uníco alento,
E a realidade do vão destino que nos uniu,
Mas hoje, o abafamento que do nós surgiu.
Salomé
Ess. “Ventos e Marés”
"Torres - Agosto de 2009"