Calíope

Pudesse eu repousar a fronte sobre teu colo

Enquanto burilas magia e poesia –

Seja em Hélicon, seja em Piéria –

Ao paraíso minha alma ascenderia?

De teu cinzel a palavra verte

Goteja em meu olhar turvo

A cada verbo mais alto subo

A cada rima maior a verve.

Mas temo que deste colo vestal

Jamais erguerei a fronte,

Jamais colherei da fonte

Pois meu tempo, é o tempo mortal.

Pudesse eu enganar a morte

Enquanto conjugas lirismo e fantasia –

Seja em Hélade, seja em Hades –

Nos meus lábios tua voz ressoaria?