Desassossego
Eu sempre tão controlado
Masculino, disciplinado
Orgulhoso em estar seguro,
Em não ficar em cima de muros
Me vejo agora provocado
Num canto, encurralado
Por um negócio engraçado
Isso de estar desassossegado
Toda vez que encosto em você
Vão-se embora paz e sossego
(Será por você também saber
Aplicar um “vem-cá-meu-nego”?)
Toda vez que encostas em mim
Perco todas as esperanças:
É a noite que não vai ter fim
Brincaremos feito crianças
E isso não ficará assim,
Pois entre os dedos em tranças
Na hora do ápice, do gozo
Pousarás seus olhos em mim
E tirarei teu sossego de novo.
Não mandei começar com isso
Não mandei provocar, ser assim
Agora que o desassossego veio,
Assumi como compromisso
Deixar-te louca, do início ao fim
Com pausas, pra beijar-te no meio.