INVASÃO DE PRIVACIDADE

A água jorra molhando o corpo inteiro,

espuma exala fragrâncias de flores agridoces,

orvalho se forma na macieza da pele,

os cabelos ondulados se desfazem diante do chuveiro.

Curvas perfeitas! Delimitadas pelo Supremo Escultor.

Fecho meus olhos, abertos mesmo,

vejo tua nudez no banho matutino,

teus lindos seios, extraordinários são o vigor.

Não há como se esconder da imaginação,

ensaboando-se, enxergo os teus delicados movimentos,

em tudo é igual a ninfa da dança do ventre.

Teus encantos, milimetricamente, são minha satisfação.

Confissão do serviçal onipresente,

dominado pela sensação da tua existência.

Não se culpe, os deuses gregos se curvariam,

diante à contemplação presente na minha mente.

Revelando-se numa visão angelical.

Sensualidade! Ainda não conheceu o verdadeiro prazer.

A toalha pêlo no pêlo é um apelo sensual,

estremece a alma, alegra o viver.

Uma cena de rara beleza:

retoca os traços perfeitos.

Peças íntimas, colocadas com singeleza;

indumentárias desnecessárias! Evoca o meu pretexto.

Deliciando-me na candura da tua intimidade,

vislumbro uma minha culpabilidade.

No tribunal das ilusões sou réu confesso,

invasor da tua privacidade.