AO TEU ENCONTRO
São lânguidas, lânguidas as manhãs,
em cada renovar de um novo e caprichoso
dia, e, a horizonte, há um suave e
quase indelével colorido, mergulhando
aos poucos e em definitivo nas águas do rio.
E em cada flor, folha, galho ou tronco de
árvore, o róscido da madrugada, chama a si
as borboletas, abelhas e outros insectos,
assim como vários animais mais pequenos,
sequiosos, por um pouco do líquido fresco.
Nisto, pouco tempo decorrido,
após o nascer de mais um dia, o sol ainda se
mostra ligeiramente desenquadrado,
para com a natureza (digamos mais terrestre),
pois seu brilho, donde emanará futuramente,
o calor tão desejado, tarda em chegar.
Enquanto eu me agasalho, contra o frio,
que me espreita, entre o azul do céu e o ocre
da terra, onde se perdem meus olhos,
desejosos de se embrenhar, floresta dentro,
na busca de novos e inexplorados caminhos,
descobrindo o inimitável ou atiçando
a memória viva, de campos verdejantes.
Vencido pela ansiedade e pelo maravilhoso,
que me espera mais à frente, tomo como
ponto de partida, um pequeno atalho e
seguindo um ruído surdo, por mim conhecido,
puxo a capa para cima, protegendo-me do orvalho,
que as folhas das árvores largam, sempre que,
passando por elas, inevitável se torna o contacto.
Seguido de perto, pelo belo trinar de uma cotovia,
o caminho vai-se alargando, e, quer o mato, quer
as árvores vão ficando mais espaçosos. Porém
novas dificuldades se adivinham, pois começam a
abundar as pedras e a via exige subida íngreme…
dispo a capa, pois a caminhada vai intensa e o calor.
O ruído avizinha-se já ali, à medida que vou subindo,
e, glória de todas as glórias, ainda que cansado,
alcanço a tão desejada cascata e seu lago de
águas verdes e frescas. Ao longe nos céus,
parte a cotovia e sinto nos meus ombros,
a mão porque ansiava. E, inteiramente nus,
nadamos, refrescando-nos, pois alto vai o sol.
Jorge Humberto
09/08/09