PROVOCAÇÃO
Revestido da bruma e do vento,
A tua sombra se faz resurreição
Trazendo a minha sina e o tempo
No vivo manto dessa tua escuridão
Teu corpo na amplidão da noite,
Provoca em mim uma plena fulminação
E invoca um suspiro das minhas mãos
Com a certeza da perfeita comunhão
Teus olhos, um fugaz e audaz convite
A me liberar do tudo e a te acorentar,
Olhos atiçando-me e acariciando-me
Com esse sabor fatal de pecado carnal
Tuas mãos em seu doce delírio sensual
Aprisonando-me neste desejo abismal
E nessa fera que tanto almejo e quero
Na quietude mortal que em mim vocifera
Provocação crua, insolente e inebriante
Que explode em mil e uma fragmentação
Neste dança de bocas, línguas se amando
E nesta louvação de corpos se dilacerando.
Salomé
Ess. "Guardião dos Sonhos"