*Saudade, Cruel Parceira*

Por vezes essa saudade inominada
É minha única companhia...
Percebo-a ali, a me espreitar
Sorrateira, dolente, dona do meu dia.

Sem tempo, sem hora, a excomungada
Veste-se de santa, pinta-me falsa alegria
Ri das disgras... Maldita, é-me tão familiar
Eu, dorida, compartilho com ela, a agonia.


E nas noites que não a acho
Sinto que me falta um pouso, uma guarida
Pois essa saudade é tão somente minha.
Às vezes penso que vivo de saudade

No plenilúnio, a saudade faz escracho
Solita... Falta-me uma pele aquecida
E, ela, em meu corpo dormente, caminha
Dizendo-me que me tem fidelidade.


Logo ali, há uma ponte, que desfaz esta nostalgia.
E a minha realidade de agora, é apenas travessia.

Karinna*
Denise Severgnini**