O guardião das orquídeas

Ontem, choveu e eu me embebedei junto a terra.

Assisti as xananas espiando para fora do verde,

seriguelas se lavando para se dar aos pássaros

e o torrão ressequido chupar as gotas até mudar de cor.

Hoje, o horizonte não me trouxe sinais.

A não ser sua própria presença.

A tela aberta pronta para receber pintura de nuvens.

Então, abri o embornal das lembranças

e tirei de lá a alegria de saber

que não é necessário ver as nuvens

para se ter certeza das águas.

Sou o guardião das orquídeas,

que pedem um ano para entregar sua flor.

Sou o semeador das jabuticabeiras,

que sequer prometem frutos a quem as semeia.

Sou artesão de sublimidades,

as quais crio com trançados

de raros detalhes sazonais.

Por isso, não estranhe o meu sorriso

nem meu olhar que se volta para o futuro

até se misturar com o azul do horizonte.

Estou aguardando as próximas gotas,

encantado com a própria espera.

07-07-09

Leilton Lima
Enviado por Leilton Lima em 08/07/2009
Reeditado em 08/07/2009
Código do texto: T1688020
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