IMPUNIDADE
São os mesmos cabelos
que preenchiam o vão dos meus dedos,
aceitando os deslizes de minhas mãos.
A boca é a mesma por onde
passeei meus lábios e absorvi sabores.
São os mesmos olhos que me fitavam horas
como a querer me decorar para
pintar em tela da mente o meu retrato.
É a mesma pele que me aqueceu
e que por mim foi aquecida em trocas febris.
As mãos são as mesmas que
fizeram inúmeras expedições em meu corpo
deixando-o sem nenhum segredo.
Mas ela não está mais lá.
Alguém anda por aí impunemente
usando o corpo da mulher que eu amo.