VERTIGEM
Quero lançar-me em teu corpo
Para sentir a vertigem
De morrer glorificado
Com teu veneno de virgem. .
Quero-te assim pura e crua
Para amar de qualquer jeito
Beijar-te à esquina, na rua,
Sufocando-te em meu peito.
Quero-te em sonho ao relento
Esvoaçante e altaneira
Cabelos soltos ao vento
Qual da noite feiticeira.
Quero teu olho selvagem
Cravado no meu anseio
Eu quero a tua coragem
Desnudando meu enleio.
Quero roubar-te um momento
Num arroubo de malícia
E transformar meu tormento
Numa explosão de carícia.
Serei sábio como amigo
Mesmo brutal na paixão
Eu serei meigo contigo
Possuindo-te à exaustão.
Pagarei por tal loucura
Serei o apoio mais terno
Mas no teu corpo a aventura
Arderá como no inferno.
Sugando teu morno seio
Haurindo a seiva da vida
Eu te amarei sem receio
Ferozmente e sem medida.
E após a minha partida
Se a lembrança fustigar
Eu não voltarei, querida,
Pois a sina é procurar
Outra casta e doce virgem
Para em seu corpo tentar
A doida morte em vertigem.