As Palavras Inúteis

 

Diga para mim
que o sonho não acabou,
que não terminou nesta noite
e então nunca mais.
 
Diga, quem sabe,
que foi apenas um engano...
Ou um mal entendido, talvez,
que estou enganado...
 
Se não for o caso,
então, diga que não é você,
que apenas imaginei ser,
que você nunca existiu.
 
E assim, serão apenas velhos papéis,
cartas, cartões, e folhas soltas.
Papéis amarelados e sem valor,
em meio tantas fotos impessoais.
 
Diga que não pensou direito,
que seu coração lhe enganou
e não bate no compasso do meu.
Seja honesta com sua verdade.
 
Não se incomode com a saudade,
tudo passa, eu passo e você também.
Não se preocupe em machucar,
a pior das feridas faz a ilusão.
 
Quantos não são os sonhos mortos?
Basta verificar as faces dos outros.
Haverá sempre uma linha imperfeita,
uma lágrima contida que não nasceu.
 
Diga que não tem o que dizer.
E por misericórdia talvez se cale,
e seu silêncio diga mais que sua boca,
que seus lábios quentes, hoje frios.
 
Seja sincera em seu descaso.
E saiba que jogou sozinha,
pois este jogo foi apenas seu,
pois que eu não joguei.
 
Pois que me confundem mentiras,
pois que desconheço a fugacidade,
mas sei reconhecer palavras inúteis.
E tão pouco nunca se fará tanto.
 
As palavras podem consolar,
mas também ferem como navalha.
E então já não diga mais nada,
deixe-me em meu franco silêncio.
 
Amo a ingenuidade infantil,
mas desprezo superficialidades.
Brinque com seus brinquedos, melhor só
do que em companhia do engano.
 
 
 
 
 
Gilberto Brandão Marcon
Enviado por Gilberto Brandão Marcon em 10/05/2009
Código do texto: T1586744
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