Exacerbação
I
Ó alma minha, oculta entre as nuvens do céu de cor do anil!
Ó Sol, que alumia o breu de meu ser!
Onde está que não te enxergo, não sinto, pois o teu calor varonil?
É a vontade maior arrebatada de mim, a absoluta nulidade de meu esmorecer!
II
Beijando-lhe,acariciando-lhe, sou feliz em meu cálido sonho,
Mas, ao despertar é a realidade cruel, triste e inerte que se avizinha!
É a quimera perdida, o rogar silente de meus desejos,o clamor surdo a tornar meu ente deveras tristonho,
É a interrogação benévola,certeza malsã, consumindo tal qual erva daninha!
III
É a ferida cruenta, o sentimento tenaz a destruir veleidades
É a palavra ensaiada suprimida na castidade hedionda, concretizada no covarde pranto!
É a coragem heróica, a odisseia gloriosa,despindo fúteis vaidades!
É a magia do desconhecido, o inóspito feitiço, o incerto "quebranto"!
IV
E assim vou conduzindo minha vida árida, penosa e esmaecida!
Sou dor, um urro que ecoa no vazio, ó paixão que me alucina!
Ansiedade comezinha, furor irracional, em seu regaço serei atrevida!
Veneno insidioso,traição inopinada,amor incondicional,tudo isto nada mais é do que minha sina!