Exacerbação

I

Ó alma minha, oculta entre as nuvens do céu de cor do anil!

Ó Sol, que alumia o breu de meu ser!

Onde está que não te enxergo, não sinto, pois o teu calor varonil?

É a vontade maior arrebatada de mim, a absoluta nulidade de meu esmorecer!

II

Beijando-lhe,acariciando-lhe, sou feliz em meu cálido sonho,

Mas, ao despertar é a realidade cruel, triste e inerte que se avizinha!

É a quimera perdida, o rogar silente de meus desejos,o clamor surdo a tornar meu ente deveras tristonho,

É a interrogação benévola,certeza malsã, consumindo tal qual erva daninha!

III

É a ferida cruenta, o sentimento tenaz a destruir veleidades

É a palavra ensaiada suprimida na castidade hedionda, concretizada no covarde pranto!

É a coragem heróica, a odisseia gloriosa,despindo fúteis vaidades!

É a magia do desconhecido, o inóspito feitiço, o incerto "quebranto"!

IV

E assim vou conduzindo minha vida árida, penosa e esmaecida!

Sou dor, um urro que ecoa no vazio, ó paixão que me alucina!

Ansiedade comezinha, furor irracional, em seu regaço serei atrevida!

Veneno insidioso,traição inopinada,amor incondicional,tudo isto nada mais é do que minha sina!

Ivone Maria Rocha Garcia
Enviado por Ivone Maria Rocha Garcia em 09/05/2009
Reeditado em 06/01/2017
Código do texto: T1584780
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