Sem Forças para Reagir
Um simples contrato,
uma conveniente
justificativa social,
a dignidade da servidão.
Um casal, dois corpos
cuja ínfima distância existente
é intransponível muralha.
Como que pássaros engaiolados,
subjugados ao mesmo espaço físico
e instante de tempo.
Heróicos na manutenção
de seu vínculo obrigatório,
mas desleais
com os próprios sentimentos.
Houvesse uma imagem,
seria ela a de um abismo
entre duas encostas
sem ponte de ligação.
Sem métodos ou meios
para compartilharem,
mergulhados nas profundezas
das suas solidões.
Visíveis um ao outro,
em verdade nunca se veem
nas suas indiferenças
disfarçadas de falsa atenção.
Sem nada em comum,
por não compartilharem um sonho,
alimentam um perene
e brando pesadelo.
São como que a pesada carga
que cada um carrega
sobre os lombos
doloridos e exaustos.
Pois que têm corações amigos,
mas que não são amantes.