TEU SILÊNCIO ME BEIJA
TUA DESTEMPERANÇA ME AFASTA

A ausência de sons incendeia meus tímpanos
Como se a implorar fossem pela tua presença
Há em mim uma urgência composta em hinos
Alertas,  meus espectros, calam-se em anuência.


Nem tua sombra aparece revestida em panos
E o aquietamento de teus lábios são descrença
Sem perceber–te lacunas,  passaram-se os anos
A  insultar-me nos silêncios da vã  incoerência.


Mesmo distante,ainda, causas incuráveis danos
Rezo outras cartilhas, aparto tuas desavenças
Inutilizo tuas crenças, destrato teus desenganos
Faço preces bizarras... redefino minhas sentenças.


Visto templos de deuses pagãos e tão profanos
Não distingo entre tantos credos, a tua herança
Posto , que de ti somente herdei... olhos ciganos,
A incauta fé ...  e essa  tua cruel  destemperança.


Eu regulo minha exatidão...teu silencio me beija
E os lábios sorvem a saudade, doce-fel mortal
Ainda sou aquela alma açoitada e mui andeja...
Fagueira...piso fronteiras, deslizo, o bem e o mal!


Quero festa com acordes musicais em brados
Renúncias, dissabores...esquecidos em festival
Para que tua foto seja colada em outros quadros
Liberta-te de mim... já que de ti, não quero ser rival.


Denise Severgnini/Fátima Mota