Sua presença nunca vai ter fim...
Minha alma esta morta
E a casa ficou vazia
Vieram outrens ver seu rosto lívido
Acho que por causa do café
Que outro motivo teria?
Minha alma morta
Estranhos em seu funeral
E eu ali
Mas não ali
Entre ali e acolá
Quem vai entender
Como isso se dar?
Fiquei também triste
Minha alma
Apesar de torta
De silenciosa e absorta
Apesar de abandonar algumas vezes
Muitas vezes
Em momentos de pura inconsciência
Agora ali
Ali minha alma estendida
Ali mesmo onde caiu
Nem uma mesa
Nem um caixão
Nem uma vela
Uma reza
Minha alma ali de rosto no chão
E eu
Eu que não sei que sou
Perdido entre ali e acolá
Como numa prisão
Invencível prisão inimaginável
Ininteligível
Sentia doer
Doer mais que o coração pode suportar
Uma dor
Eu sou apenas uma dor
Uma dor que não me lembro do começo
Que sei nunca vai acabar
Só aumentar
Só aumentar
Até os limites que posso suportar
Alem desses limites
Ela ainda vai gritar
Minha dor
Alem de mim, de minha emoção
Atravessando o universo
Fatiando meu coração
Roendo meu fígado
Minha dor
Minha saudade
Minha alma
Minha alma
Ali
Ali no chão
Outros a observar
Sempre tem alguém
Uns vão outros vem
São sombras
Talvez que também tiveram
Sua alma assim
Se desfazendo na umidade do escuro
Se confundido com a composição do chão
Ou são almas
Procurando um corpo
Alguém com quem se comunicar
Mas minha alma esta morta
E eu nem morto posso está...
Minha alma se foi
Se foi alguma coisa
Deixou de ser
E eu continuo
Com ou sem ela
Do no mesmo ponto
Com a mesma pergunta
O que posso ser
Ser?
Eu existo?
Eu não sei
Mas sei que a dor existe por mim
E vai existir sempre
Sua presença nunca vai ter fim...