QUANDO ...
QUANDO
ouço seus olhos falarem
monossílabos de amor.
fico encantado a ouvir.
como se nada existisse;
só voce, o vento,a rosa
rosada a sorrir.
como se ninguém visse,
nada mais importasse.
a frase calasse.
QUANDO...
seus lábios me enxergam,
no escuro da multidão.
vermelhos, dialogando
com os meus.
canto, poema, oração.
imãs se amando.
dois santos ateus.
QUANDO...
falo a sua língua
me entende,
míngua a lua.
a luz acende
nossas almas
no fim do túnel.
nasce dia na noite,
emudecem os açoites
selvagens.
fica solitária
a imagem,
brilhante miragem,
da sua face
no meu sonho
derradeiro...
-gustavo drummond-