DEVOÇÃO DECADENTE

Doce solidão que virou síngela amante,

Tu que envolves a minha alma carente

Na maciez dessa tua amena ternura,

Vem a mim e leva esta minha melancolia

Que vaza sua amargura no confim do Eu.

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Meus olhos miram o mar sem o enxergar,

Recordando a censura dessa desventura

Que no auge da sua plena consagração,

Se evaporou, abrindo esta maldita fissura

Que hoje abriga este meu coração severo

Tua presença longe deste momento etéreo

Ainda quer dominar e ler o meu pensamento,

Ausência do corpo mas não a ciência da alma

Que persegue esta minha sina com teu alento

E aspira a não me deixar viver e nem esquecer

Tua sombra cada vez mais presente e intensa,

Alimenta a imensidade desta densa escuridão

Que me plageía com sua mais devassa lentidão,

Fartando minha tristeza e aflição com devoção

Como se minha dor fosse teu mais doce prazer

Reges e segues nos rastros dessa tua penumbra,

Um espectro decadente e sem qualquer defeito,

Falando de emoções e sensações comoventes

Quando tudo o que eu quero é somente te olhar,

Calar, e dessa tua boca o vinho do amor provar

Esconder ou desvendar, esquecer ou arriscar,

Deixar caír as mascaras, entregar nossas armas!

As minhas já estão lacradas nos porões do passado,

Onde tambem me desfiz de todas decepções e medos

Para meramente poder caminhar livre, e ousar te amar.

Salomé

www.sinasalome.blogspot.com

Salomé
Enviado por Salomé em 27/03/2009
Reeditado em 27/03/2009
Código do texto: T1509314
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