DEVOÇÃO DECADENTE
Doce solidão que virou síngela amante,
Tu que envolves a minha alma carente
Na maciez dessa tua amena ternura,
Vem a mim e leva esta minha melancolia
Que vaza sua amargura no confim do Eu.
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Meus olhos miram o mar sem o enxergar,
Recordando a censura dessa desventura
Que no auge da sua plena consagração,
Se evaporou, abrindo esta maldita fissura
Que hoje abriga este meu coração severo
Tua presença longe deste momento etéreo
Ainda quer dominar e ler o meu pensamento,
Ausência do corpo mas não a ciência da alma
Que persegue esta minha sina com teu alento
E aspira a não me deixar viver e nem esquecer
Tua sombra cada vez mais presente e intensa,
Alimenta a imensidade desta densa escuridão
Que me plageía com sua mais devassa lentidão,
Fartando minha tristeza e aflição com devoção
Como se minha dor fosse teu mais doce prazer
Reges e segues nos rastros dessa tua penumbra,
Um espectro decadente e sem qualquer defeito,
Falando de emoções e sensações comoventes
Quando tudo o que eu quero é somente te olhar,
Calar, e dessa tua boca o vinho do amor provar
Esconder ou desvendar, esquecer ou arriscar,
Deixar caír as mascaras, entregar nossas armas!
As minhas já estão lacradas nos porões do passado,
Onde tambem me desfiz de todas decepções e medos
Para meramente poder caminhar livre, e ousar te amar.
Salomé
www.sinasalome.blogspot.com