AMOR REAL
O desatino incansável da busca
Retém a dor
Dos gestos múltiplos e catatônicos
Da alma inacabada e vazia.
Choco-me com meus íntimos desejos,
Diante das suas feições.
Com que mísera fantasia
Contemplas sentimento tão voraz?
Atiro-me em busca da veracidade,
Dos sentimentos que há em mim.
Sentimentos alojados na alma,
No sangue, na poesia, na razão
E beleza dessa verdade.
Rastreio-a diligentemente,
Encontro-a nesse coração aflito.
Está lá, embutido
Como uma impressão digital,
Um registro permanente
Como quem rabisca frases desconectas
Em folhas brancas de papel.
Não há saída...
É profundo, é profano,
Tanto quanto seu vasto conhecimento
E inteligibilidade à minha condição.
A negação do amor é a morte da alma...
Negue-o,
Embora possa vê-lo.
Retenho-o
Olhando no brilho dos seus olhos
E no sorriso lívido dos teus lábios.