DERRADEIRO PRAZER

Sentada, numa velha ponte de madeira,

sentindo a mansidão do mar, no seu ir

e vir, constante e sempre igual,

escutas, vindo não se sabe bem de onde,

o apelo das águas, solicitando-te, que

te decidas, por mergulhar os teus pés

descalços, nos azuis-claros do mar, logo ali.

Das primeiras coisas que acabas por notar,

é o de que as águas se mostram quentes e

convidativas, como que te dizendo, para

nelas entrares, de corpo inteiro. Enquanto

a horizonte, o vermelho impera, e, o sol,

ao longe, brilha em toda a sua exuberância,

deixando no ar, visíveis, ondas de calor.

A tudo isto atenção prestando, distraída, por

entre uma beleza, indo de onde a onde, teu

olhar alcançar podia então, encostando-te,

à relativa segurança, da velha ponte, ruivos

os teu cabelos, com certa vaidade, resolveste

escová-los, até alcançarem a tua cintura, presa,

esta última, por uma cinta refinada de escarlate.

Agora sim, estavas pronta para realizar, o mais

do teu secreto desejo. E lentamente, pousando

as tuas roupas, em cima de um saco de veludo,

em graciosidade foste te preparando, olhando,

aqui e ali, certificando-te, de que estavas a sós.

E foi então, que num repente, te lançaste ao mar,

sereia em seu ambiente, nadando e cantando.

Jorge Humberto

11/03/09

Jorge Humberto
Enviado por Jorge Humberto em 12/03/2009
Código do texto: T1482935
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