UMA ÁGUIA
Ela voava de escarpa em escarpa.
E a cada volta, um olhar mais doce.
Era louca aquela artesã dos ventos.
Traçava bordados nas núvens.
Criava ninhos nos cumes.
Lembrou-me assim de você.
Olhos e garras azuis. Sem amarras.
E nós, no ninho em gravetos,
saciávamos o amor em porções.
Naquelas alturas do alto patamar,
as vertigens nos tomavam aos poucos
e quase sem voz, meio roucos
a gente ia caindo...devagar.
E vivia, das aves, todas as liberdades.
Sem amarras...sem medos...sem maldades.