CHOCA/TOCA/CHOVE/NEVA/INCENDEIA/ TUDO JUNTO
I.
Primeiro o verso
Depois foi o poema
E na seqüência a alma
E isso junto sendo sangue
E a gente no meio do mundo
No turbilhão rouco louco do tudo
Parindo versos no labirinto dos sentidos
Plantando verbos em meio às tantas tempestades
Respirando sangue no meio da vida sempre à deriva
Fazendo castelos de letras tortas e vivas na praia da web
E isso foi num crescendo acumulando impulso demolindo músculos promovendo ósculos
abraços carinhos extremos êxtases e máximas - texturas ranhuras numa ebulição contínua
II.
Transpira-me você
Respiro no seu oxigênio
Tanto que
Precipita-me o poema que pulula dentro até que escapa em fúria e vai no vento
O teu tema é minha cama
O teu sangue pulsa na minha veia
Minha boca é tua sede
Não sei de onde vem essa teia contínua
Que me enreda e me rende
Esse passo que meu passo se move
Na direção que quer
Olho-me e te vejo
Escrevo como quem anda
Como quem fala
Com se alguém ditasse
Como se escreve uma nova bíblia
Versos-multidão que me habitam agitam gritam você
III.
Não sei se o que faço tem valor literário
Se paga a tinta a luz da tela
Se vale a vela que queima
Sei que me revira me põe à mostra ao avesso
Choca/toca/chove/neva/incendeia/ tudo junto
dedicado àquela mulher