Frágil

Não digamos nada

Fiquemos em silencio.

Qualquer palavra

Pode nos destruir,

Nos tornar estranhos...

Vamos ouvir,

Ouvir nossos pensamentos

Quem sabe se nos esforçarmos...

Sejamos silenciosos.

Tenho medo que tudo desmorone.

Agora que nos encontramos

Não podemos ser precipitados

Vamos dar um tempo

Para que nos acostumemos

Com a idéia de felicidade...

Tanto medo acumulado

Não pode ser de repente dissolvido,

Façamos silencio

Deixemos os sentidos exasperados

Afundarem num grande lago...

Nosso encontro foi tão raro,

Tão improvável tocar tua mão...

E agora que vejo teus olhos

Tenho medo de estragar tudo...

Façamos silencio...

Deixemos que lembranças

De outros tempos nos

Traga alguma sabedoria,

Estamos condoídos,

E um toque pode revelar uma dor...

Achamos, mais de uma vez,

Que tínhamos nos encontrado,

E o desespero nos levou a erros,

Erros que tiveram alguma valia,

A maior, talvez, de silenciar agora...

Não digamos nada,

Agora que parou teu caminhar,

Agora que parei meu caminhar,

Descansemos um pouco aqui

Nesta sobra, depois pensamos no resto...

Depois a gente continua

Sem estarmos mais tão perdidos,

Sem sentir tão presente

A sufocante finitude das coisas,

Das nossas forças em meio à caminhada.

Sim, nós agora nos encontramos

E não importa mais nada,

Não importa as marcas que temos,

Estamos com deveríamos estar

Para este momento de ausente palavra...

Sim, façamos silêncio,

Aqui vai pousar a confiança,

Vai nos tocar o Anjo da esperança,

E vai nos encher de pureza,

E seremos com crianças,

Sim, como crianças...

Sebastião Alves da Silva
Enviado por Sebastião Alves da Silva em 20/04/2006
Reeditado em 12/08/2006
Código do texto: T142002
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