Amores Inacabados
Um homem já muito velho,
Todo dia à tarde ia ver o mar,
Ficava por lá, num rochedo
E punha-se a sonhar.
Pegava tinta, pena, papel
E em silêncio escrevia
Umas cartas que, terminadas,
Logo as lançava ao mar.
E do mar, devagar, água e sal
A carta pegavam, partiam.
O velho olhava aquilo tudo,
Sangrar seu peito ele sentia.
O que ficou por falar?
A quem mais não soube amar?
Ele pensando ia escrevendo
Para deixar no mar o peso
De amores que foi perdendo,
Que na vida foi perdendo...