DE VISITA A MEU QUARTO

Quando adentro, de meu singelo quarto,

entre mobília arcaica e uma janela,

dada ao mundo, tímido sorriso,

percorre todas as paredes, numa

curiosidade natural, de quem, com os olhos,

tenta guardar, o pouco, que este tem

para lhe mostrar, com um orgulho particular,

de minha parte, ao repartir assim, as minhas

parcas coisas, contigo.

Por instantes envaidecido, sussurro-te,

chamando baixinho, pelo teu nome, e,

seguidamente, encaminho-te, em direcção,

à minha jóia de coroa, onde, faz muito,

guardo, como a um tesouro inigualável,

todos os meus livros, e, sem me deter, um

por um, vou-te falando, resumidamente,

mas cheio de entusiasmo, da história, de

todos eles, sem nem reparar, se te estou

a incomodar ou a ser abusivo.

Mas para minha satisfação, vejo que nutres,

tanto prazer, como eu, ao viajar por este

mundo encantado, onde tentei, ser um

bom cicerone, despertando-te sentidos.

Quando reparo, que a tua atenção, neste

momento, se fixa na janela, concluindo,

que o que te desperta, certa agitação,

é que eu te leve até ela, para, finalmente,

veres, de antemão, o tão famigerado Rio

Tejo, que eu tantas vezes,

canto na minha humilde poesia, ao som

de suas águas prateadas, quando

lhe bate a luz da lua,

parecendo-se então, com milhares de peixes.

E eis que vejo, que teu olhos, humedecem,

de alegria e real espanto, ante tal grandiosidade,

que agora também mora contigo, e, hás-de levar,

atravessando injusto Oceano.

Trago-te para dentro, perguntando-te, se és

feliz! obtendo, como resposta, de tua parte,

um interminável abraço, coração com coração,

e, um beijo gracioso, todo ele, dito em silêncio.

Jorge Humberto

29/ 12/08

Jorge Humberto
Enviado por Jorge Humberto em 30/12/2008
Código do texto: T1359855
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