Eu não desisto

Quando eu me cansar de tudo

Talvez eu parta, talvez eu reparta

Talvez encerre um grito mudo

Que cala no fundo da garganta,

Talvez eu arranque a planta

Pela sua mais profunda raiz

E atire na janela de toda casa

Onde haja alguém que diga-se feliz

Quando eu me cansar disso

Talvez me atire a um precipício,

Levando junto comigo tudo que é vício

Tudo que é desnecessário, desperdício

Levando comigo a duras penas,

Tudo que é ruim, toda uma série de cenas

Que fui obrigado a assistir, desde o fim

Até o início.

Quando eu me cansar de tentar

Talvez desista de respirar,

Esqueça de buscar esse ar

Que polui a minha mente

Que me torna tão inconsciente

E trabalha arduamente

Para me derrubar.

E quando eu não quiser mais amar

Não desistirei. Nem em um milhão

Não tem talvez sim, nem talvez não.

De amar eu não desisto.

No amar eu resisto. Insisto.

Serei o mais teimoso dos seres,

Se necessário arrumarei poderes

Onde não tiver nem de onde os tirar

Só pra não ter que deixar de amar.

Mas não se engane com meu canto rouco

Meu amar não é aquele amar louco,

Aquele amar de quem não quer troco,

Aquele amar bobo, desprovido, caboclo...

Não!

O amar que insisto é aquele de ouro...

Aquele que brilha, que parece tesouro,

Aquele que é feito direito...

E que no dia em que aparece,

E em nosso peito floresce.

Na gente se demora

E na grande maioria das vezes

Nunca mais vai embora.

Desse, eu não desisto.