MADRUGADA DO ADEUS

Na noite do nosso adeus, apenas meus passos

são ouvidos. São precisos, resolutos, porém,

incertos pela rua reta, deserta...

O negro asfalto me acompanha: é meu escafandro

contra as pedras, nas quais poderia tropeçar-me

pelas esquinas da vida!

Sinto o coração pranteado desagregar-se do

corpo meu. Já não sabe viver sem a ternura do

contato teu. Esqueceu-se de te esquecer!

Volvendo os olhos para o céu estrelado distingo,

lânguido, a nossa estrela. Lembra-se? É a mesma

estrela que escolhemos para fitar, quando estivéssemos

distantes um do outro e pudéssemos lembrar de que, mesmo

longe, bem longe, estaríamos vendo a mesma estrela.

Estou agora a fitá-la e não a vejo cintilar:

parece triste, tão triste..., acompanhando apenas

o meu olhar, sentindo talvez, como eu,

a falta dos olhos teus.

Antenor Rosalino
Enviado por Antenor Rosalino em 15/07/2008
Reeditado em 11/04/2023
Código do texto: T1081232
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