De mãos dadas
Vamos de mãos dadas,
Não caminharemos sozinhos
Como eu andava, errante pelo mundo
Por caminhos de miséria e ingratidão
A depender da caridade mal feita,
Da esmola dada de má vontade.
Entre a fome, a sede, o cansaço
Tive o seu amor
A aliviar minha dor, a segurar minha mão
Nos apoiamos, nos unimos
Ao dividirmos um com o outro
O pouco que temos
A roupa do corpo, um pedaço de pão
No sonho de um dia formarmos um lar.
Quando todos nos fecharem as portas
Nos restará um teto de estrelas
Os bancos de praça não vão nos faltar.
Aprenderemos a ler
Quando Deus escrever por linhas tortas.
E eu vou juntar, como cacos de vidro
Os sonhos destruídos, as esperanças mortas
E ainda assim vamos sonhar.