AMOR: DESERTA PAISAGEM
Bom-dia.
Feito sobre dois versos doados pela amiga Poeta Teresa:
No Solstício deste inverno
Teus braços serão os laços
Que me prenderão à realidade
Ao chão incerto, que, em tremores, insiste
Em fugir debaixo dos meus pés,
Roubando-me os últimos clarões de sanidade,
Toda a minha possível ventura esquecida,
Todo o meu sentimento mais terno.
Sim, preciso dos teus braços,
Para transitar por esse tempo insensível e glacial;
Deles preciso, como o alpinista,
De suas cordas e ganchos;
Como o velho bêbado, na noite,
Necessita de sua roupa em frangalhos,
Para se fazer merecedor de uma esmola especial;
Como as flores anseiam pelo primeiro raio de sol.
Porém, olho no espelho e - teus braços - lá não mais os vejo.
Lá onde sempre existiram, apenas em reflexo.
E, se hoje, lá os procuro, como mico doido de realejo,
É porque, desse lado de cá da miragem,
Só sobraram fragmentos de lembranças;
Poucos e lúgubres poemas sem nexo,
Compostos nos desvãos de minha insensatez,
Sob inspiração do amor, essa deserta paisagem.