AMOR: DESERTA PAISAGEM

Bom-dia.

Feito sobre dois versos doados pela amiga Poeta Teresa:

No Solstício deste inverno

Teus braços serão os laços

Que me prenderão à realidade

Ao chão incerto, que, em tremores, insiste

Em fugir debaixo dos meus pés,

Roubando-me os últimos clarões de sanidade,

Toda a minha possível ventura esquecida,

Todo o meu sentimento mais terno.

Sim, preciso dos teus braços,

Para transitar por esse tempo insensível e glacial;

Deles preciso, como o alpinista,

De suas cordas e ganchos;

Como o velho bêbado, na noite,

Necessita de sua roupa em frangalhos,

Para se fazer merecedor de uma esmola especial;

Como as flores anseiam pelo primeiro raio de sol.

Porém, olho no espelho e - teus braços - lá não mais os vejo.

Lá onde sempre existiram, apenas em reflexo.

E, se hoje, lá os procuro, como mico doido de realejo,

É porque, desse lado de cá da miragem,

Só sobraram fragmentos de lembranças;

Poucos e lúgubres poemas sem nexo,

Compostos nos desvãos de minha insensatez,

Sob inspiração do amor, essa deserta paisagem.

jlsantos
Enviado por jlsantos em 06/06/2008
Código do texto: T1021776