- CORTANDO TODAS AS AMARRAS -
VOU !!!
Vou !!!
Que aqui nunca foi o meu lugar,
Que esse lugar nunca teve espaço
Para todos os meus sonhos;
Sonhos líricos e surreais,
Como os quadros de Dali,
Ou os poemas de Borges.
Vou !!!
E aviso, que cortei todas as minhas amarras,
Que levantei minha âncora,
Recoberta de cracas ancestrais,
Depois de tanto tempo lançada.
Para segurança de não mais voltar,
Joguei fora minha chave da porta
E o controle remoto do portão,
Como, se quem o fizesse não fosse eu.
Também queimei os móveis vestutos e empoeirados,
Com roupas e o que dentro mais houvesse.
Ainda, diante da minha vontade, talvez nem tanta . . .
Com alguma incerteza percorrendo-me o coração,
Para não ter onde mais me agarrar,
Mesmo que o quisesse,
Enfiei o dedo na garganta
E vomitei, em prantos, toda minha dor
No primeiro poema que você me escreveu.
- por JL Santos, em 01/06/2008 -