- A VIDA SEM TI -
Tu és a flor que me fascina à beira do abismo.
Tu és música para meus ouvidos quase ensurdecidos.
Tu és a inspiração para os meus poemas sem nexo.
Tu és o início da estrada, do qual há muito me esqueci,
ainda, o final da jornada, entrevisto por entre brumas de sonhos.
Serás mesmo tudo isso? se me foges, me evitas,
deixando-me à míngua de teu afeto e de tua infinda magia.
Serás mesmo o meu porto de arribação? se chegado do mar
não encontro os teus olhos, a tua mão, a me acenar;
como se fosses apenas isso, olhos e mãos em doce aceno,
descuido dos céus em ti impresso, sob a forma de encantos,
razão maior dos meus versos, que agora sem ti adormecem,
mergulhando no atormentado sono da paixão sem mais guarida,
sem mais ter sua pedra de toque, o seio onde se nutria.
Hoje, confesso-me, diante da tua ausência,
a impossibilidade de viver contigo ao longe.
E, mesmo que ainda viva trezentos anos,
por esse tempo inteiro, sem companhia, hei de chorar-te,
pois a vida sem ti, perde sabor e arte,
tornando-se insípida e sem cor;
visão há tanto tempo anunciada por Dante,
quando se pôs o Inferno a retratar.
- por JL Santos, em 18/03/2008 -