Metas (1996)

Quero do meu EU ausentar

Todo vil julgamento

Despoje de mim, Senhor,

Todo natural ser ciumento,

Para eu poder sentir melhor o gosto

De toda essência da vida

Que até agora transeunte e despercebida.

E quando estivesse preso

Em meus dias de nós-cegos,

Apenas pararia e sentaria sobre a pedra

Em que haveria de tropeçar...

Seria minha irmã a dita pedra

E até a minha montaria eu iria escutar,

Pois assim me sentiria generoso,

Não mais vaidoso.

Sendo assim

Eu me sentiria pronto

Para entrar em outros ambientes,

Pois o medo não mais me afligiria

E até para morte simpática eu sorriria.

E caso entrasse em tantos corações

Quanto penso entrar,

E quem sabe,

Sem me dar por isso,

Levando ou trazendo soluções a velhas perguntas...

Esqueceria na porta meu caderno de notas

E trocaria certos verbos de minha natureza

Trocaria, por exemplo,

O verbo JULGAR pelo verbo ENTENDER,

O verbo FALAR pelo verbo OUVIR,

O verbo VER pelo verbo SENTIR...

E quando desse por mim

Estaria eu conjugando despercebido e feliz

O verbo AMAR.