Quatro tons de amêndoas mortalha (in memorial/ de Ângela Ceschin)

Quatro tons de amêndoas mortalha (in/ memorial de Ângela Ceschin)

Vi os olhos dela já se indo ,lagar!

Eram amêndoas ou marfim?!

Mas constrangeu-se de mim,o marfim

se lírios de junco e madresilvas

coloquei no criado-mudo,quando a deixei

e os céus também de azuis,lá fora,

se amendoaram pra ela,e a quis tão minha!i Os olhos dela caírem de amêndoas

e dos meus versos,chorei de azuis todos quanto

haviam feitos,só pra ela!

Não mais eram marfins, amêndoas,meis,azuis,e amarelos só dela,

e me lembrei de remar tantas vezes canoa remando solidão,

e muitos,muito depois

águas azuis,de amêndoas,e marfins

e amarelos,tantos iguais, __eram todos dela __!

Desceu ao jardim,minha amiga maior;

Não o pulso que teimava mel mal e mim!

De que seus olhos jamais seriam de mim rótulos,versos

e poesias tão nuas,vãs;

Teus olhos eram carmim como os lábios tão doutos,por isso eram de si,

teu cheiro de azaléias,jasmim em sua nudez,mortalha,

e que de tantas correntezas destes a mim,e como por herança, velhas canoas,queria todos os cheiros de ti;

Desceram a mortalha,

foi-se o chão,

Tudo ali carmezim,jasmins e dezenas orquídeas,

mas em mim cá dentro,

Tu bens sabe,

Alecrim!!

MaisaSilva
Enviado por MaisaSilva em 07/05/2018
Reeditado em 07/05/2018
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