AMIZADE
I
Eu grito ao vento a Amizade!
Ninguém atende. Casas fechadas.
Famílias escondidas. Diálogos amordaçados.
Eu olho as aves e os olhos inexpressivos.
Gente apressada, sem lágrimas, sem risos.
Gente calada, sem uma palavra. Nem asas.
Eu grito ao vento a Amizade!
Ninguém responde. Gente ocupada.
Nos laços da ternura e lealdade nada interessada.
Eu perco a hora,
tentando alcançar a alma que vai embora,
fingindo que não ouve, fugindo sem demora.
Deixo a porta aberta. E nada.
II
O relógio marca as horas
de minha inexorável viagem.
E ali, no caminho que me devora,
existe uma pequena estalagem,
onde guardo amizade de alto quilate
- e a ofereço aos hóspedes de boa vontade.