Aos amigos de sempre
Olá, amigo de outrora,
A quanto tempo sem vê-lo!
Por tanta falta de zelo,
Penso que perdi a hora.
Nós éramos unha e carne,
Vivíamos atrás d´uma bola,
Jogando conversa fora,
Naqueles finais de tarde.
Quantas lembranças afora,
Estilhaçam meu coração
Lembrando de gudes peão...
Brincadeiras de nossa aurora.
Caiu no poço, era aquela emoção,
Os afagos da possível namorada,
Que bela era nossa alvorada,
Violência não tinha não.
Vivíamos de pés no chão,
O chão do mundo aos nossos pés.
Vivíamos assim de viés,
Para as mesas de pouco pão.
Amigo perdoe a fraqueza,
E a franqueza dessa saudade,
Hoje nesta distante cidade,
A lamúria me toma em destreza.
Lembrando os muros escalados,
As frutas alheias subtraídas,
Gargalho as travessuras vividas,
Nos campos abandonados.
Que bela era nossa história,
Meu caro amigo de sempre,
Nos monturos entre serpentes,
Caçando a nossa glória.
Baladeira era nossa arma,
Cacos de vidro o nosso vilão,
Felicidade era nosso carma,
Carteira de cigarro o nosso quinhão.
Mal sobrava tempo de televisão,
Mas hoje na era da informática,
Levo uma vida monocromática,
Imerso num pacato cidadão.
Por todas as noites penso no amigo
E peço a Deus abençoar com saúde,
Na esperança que a lembrança amiúde,
Não se vele para sempre comigo.
Perdoe, meu caro amigo de outrora,
Esta insensata falta de contato.
Na internet tenho visto seu retrato
E temo que a alvorada sele nossa aurora.
Carlos Roberto Felix Viana