Transformada
Ao meu mellhor amigo.
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Eu que sempre fui só,
Recolhida e absorta
Não esperava que alguém viesse
E subjugasse parte da minha solidão.
Eu que sempre fui calada,
Ouvinte e observadora
Não esperava que alguém viesse
E de palavras me inundasse.
Eu que sempre tive minhas mãos vazias,
Frias e inconsoláveis
Não esperava que alguém viesse
E com suas mãos delicidadas me consolasse.
Eu que sempre vivi do prevísivel,
Do exato e esperado
Não esperava que alguém viesse
E de surpresas me deleitasse.
Eu que sempre tive uma beleza escondida,
Discreta e tímida
Não esperava que alguém viesse
E livre e explícita a tornasse.
Eu que sempre quis tudo,
Eu que nunca soube nada
Não esperava que alguém viesse
E tudo que há de bom em mim,
Simplesmente despertasse.