EM TEMPOS DE AMIZADE
(Sócrates Di Lima)
Cascata de luzes derramam dos olhos meus,
Não são lágrimas nem reações disfarçadas.,
São lâminas de saudade dos olhos teus,
Que as palavras se fazem arrogadas.
E no manso rio formado pela cachoeira,
Velejeia meus sonhos num barco de papel.,
Sem destino segue a corredeira,
Preso aos laços de um anel.
Na batida do sino que alvoroçam pesadelos,
Ecoam sonidos de canções cantadas.,
Em côncavo e convexo no afago dos cabelos,
As palavras ditam almas apaixonadas.
Como podem fechar-se as cortinas!
Se as janelas abertas escancaram o amor?
Incompreensível que brisas cristalinas,
Deixem de trazer a saudade, com aroma e cor.
E das palavras que os lábios não pronunciam,
Mudas e envelhecidas pela dor da partida.,
As flores tristes também silenciam,
Não dizem mais, a palavra prometida.
Guardada que está, no ataúde da palavra sagrada,
Deixou de ser escrita por tê-la sufocada.,
Que de tanto presa sentiu-se escravisada,
Do desafio de arriscar-se pelo tudo ou nada.
E no remanso do rio que corre em minhas veias,
Sulcos de terra fértil que minha alma cria.,
Brotam as sementes de uma amizade em teias,
Que fortalece, firma um bem querer todo dia.
É o nascer de um novo tempo de amizade,
Rugidos do Leão que propaga em ventos pela planície.,
Entoa o meu coração a alegria intensa da saudade,
Que emerge o prazer de amar até depois da velhice.
(Ribeirão Preto, 14 de setembro de 2010-Registrada)