CARTAS DE AMOR
(Sócrates Di Lima)
Não sou poeta, não...
Sou menino homem cantador.,
Das minhas lavras então,
Surgem minhas cartas de amor.
Não escrevo para ninguém mais,
Somente para quem detém meu amor.,
Ela é meus suspiros, meus ais,
Descritos nas cartas deste sonhador.
Não sou poeta, não senhor,
Nem quero que assim me diga.,
Sou apenas um pensador,
De que o amor em cartas se liga.
Cartas de sonhos em flor,
Perfumadas e abrilhantadas.,
Lidas com olhos de fulgor,
No silêncio das folhas surradas.
E tantas quantas eu escreva,
Tantas lidas e queridas,
Cartas tristes que a saudade releva,
Cartas alegres, tantas lidas.
E por não ser um poeta,
Não me obrigo a escrever poesias,
Sou fiel na minha escrita certa,
Relato meu amor em folhas vazias.
E por me relatar em versos,
Reescrevo-me na ponta de uma caneta.,
Reviro-me nos meus reversos,
Reescrevo meu amor na minha ampulheta.
Meu tempo, minha sina,
Cartas envelhecidas no tempo chegado,
Onde o amor se recria e me ensina,
Que em versos do coração pode ser rabiscado.
Lavrado, em tom poético e lúdico,
Mas não sou poeta, escrevo cartas pra ela.,
Que é para mim, é um ato cirúrgico,
Que abre meu coração para receber o dela.