Quatro cordas
Sol, de solidão - a corda que se arrebenta e se perde no vácuo do interstício da vida.
Ré, de reencontro - a corda frouxa, depois reafinada num momento mágico.
Lá, de Lapa do Bom José - onde a corda é achada e sustentada pela fé.
Mi, de mistério - a corda que salva do acaso quem está perdido nas ruas tortas da vida.
Quem nesta vida não passou por momentos assombrosos como
um peregrino sem rumo e sem chão,
um veleiro à deriva,
um ambulante sem teto,
uma noite sem luz,
uma caverna sem ar,
um amor sem companhia?
Coisa terrível...
Somente
o breu,
o nada,
o abismo.
Episódios passageiros.
Cada um deve tocar o instrumento
com as cordas que tem, ou... apenas uma, não importa.
O que conta mesmo diante de Deus é a alegria
dentro da alma do violinista.