Quatro cordas

Sol, de solidão - a corda que se arrebenta e se perde no vácuo do interstício da vida.

Ré, de reencontro - a corda frouxa, depois reafinada num momento mágico.

Lá, de Lapa do Bom José - onde a corda é achada e sustentada pela fé.

Mi, de mistério - a corda que salva do acaso quem está perdido nas ruas tortas da vida.

Quem nesta vida não passou por momentos assombrosos como

um peregrino sem rumo e sem chão,

um veleiro à deriva,

um ambulante sem teto,

uma noite sem luz,

uma caverna sem ar,

um amor sem companhia?

Coisa terrível...

Somente

o breu,

o nada,

o abismo.

Episódios passageiros.

Cada um deve tocar o instrumento

com as cordas que tem, ou... apenas uma, não importa.

O que conta mesmo diante de Deus é a alegria

dentro da alma do violinista.

Lu Mendes
Enviado por Lu Mendes em 10/01/2023
Reeditado em 11/01/2023
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