Infância querida, quantas saudades

Quando era ainda menino

Não tinha muita ambição

Seguia o meu destino

Quase tudo era diversão.

Brincava na mata

Nadava em ribeirão

A vida era sensata

Eu só rendia gratidão.

Era comum pisar em espinhos

Fruto de andar descalços, pés no chão

Peneirava até redemoinhos

Queria por ao saci na prisão.

A nossa casa era simples

Sem porta ou janelas

Não usava fechadura

Muito menos tramelas.

Mariscava nas águas limpas

No ribeirão da fazenda onde morava

Quando aparecia um cobra na peneira

O meu coração acelerava.

Aos domingos tinha reza

Na capelinha do luar

Quem entendia de oração

Ia lá para rezar.

Mas nós molecada inocente

Queria mesmo era brincar

Era uma correia eloquente

Ate alguém se machucar.

Mas o tempo passou rápido

Muita coisa então mudou

Logo me vi um homem formado

Que o tempo para o bem lapidou.

Tenho saudades do lugar de outrora

Que quando criança me abrigou

Mas se voltar lá minha alma chora

Pois quase tudo se transformou.

O ribeirão quase não tem água

As casas caipiras foram derrubadas

Da máquina de café tão importante

Apenas escombros na beira da estrada.