PLANTANDO POESIAS
Não sou fazendeiro, mas na roça da minha vida, planto sementes de palavras, para depois colher frutos de poesias. A minha produção é fértil, mas somente consumidores exigentes as admiram e por vezes até compram, para comer cada pedaço dessas palavrinhas transformadas em contos, crônicas, cordéis e poemas colhidos da minha rica seara.
Os grãos de versos, os brotos de dizeres, as dúzias das letrinhas formando ditas palavras moídas e posteriormente transformadas em poesias, alimentam a alma do leigo, ao mais celebre consumidor desta produção literária.
Gritam nas praças, gesticulam braços e pernas num torpor de leitura envolvente em gritos de inspiração, ávidos de mostrar ao publico passante, que ainda podemos comer a poesia.
Até para quem não é amante desta prática, para pra ouvir, e por achar bonito, interessante ou ridículo, perguntam com vozes e mão tremula: QUANTO CUSTA CADA PEDAÇO DE POESIA?
Custa o tanto que puderes pagar, pois não damos de graça, a única coisa que temos para vender.