SOBRE O NASCER E O VIVER
Tem dias que nascemos como o orvalho, em áureas d’um sol ilhaço,
Mas há outros que neblinam em nossa mente chuvas do desassossego.
Tem dias que falhamos com nossas ideias, e, cegos como um morcego,
Caminhamos por onde o vento leve, leva-me, preenche-me num abraço.
Então, quando o pó que nós somos dilui-se nos ombros pesados,
Penso: qual dos humanos tecerá um mundo de benevolência?
Ciência, arte, as esferas de sabedoria dos nossos retárdios,
Acharão sublime vocação? Haverá a quem peça clemência?
Então, termino esse dia semi-nublado despido de incertezas.
Sobre a mesa, o húmus que consagra o amor, é estilo.
Quem dera as noites escuras gerassem luzes-fortalezas?
Assim, a alma a si mesmo edificaria: ternura, abraço, sorriso.