REMINISCÊNCIAS
Reminiscências
Hoje retornei à cidade-menina,
onde os igarapés guardavam escamas
e teus filhos, frutos de vastas ramas,
brincavam em tuas águas cristalinas.
Fui a Matriz onde dobravam os sinos
– Guardiã do barranco e do grande rio –
Santuário de nossa Mãe plena de brio,
que aos domingos trovejavam hinos.
Em meu rosto o vento da saudade
soprou-me os verdes da paisagem
e os enfeites da bruma da roupagem
que vestia a antiga e pacata cidade.
Na velha Laje da escadaria do porto,
escutei o soar de um famoso e alegre apito.
Era o comandante Altino (um mito)
com o seu Velho Chico – um tanto torto!
Visitei a casa que me viu menino...
À mesa: o peixe assado, o cozido e o pirão.
E as flores de mamãe plantadas no chão
elevaram-me o espírito ao Divino.
Lá fora, as cantigas de roda enluarada
musicavam as brincadeiras de amarelinha,
boca de forno, ciranda, manja e bolinha,
enquanto dormitava o grito da passarada.
No mês das quadrilhas e fogueiras,
os cordões folclóricos da Garça, do Barqueiro,
do Tangará, do Boi de rua e de terreiro
faziam dançar até as folhas das seringueiras!
Ah, quanta saudade, quanta alegria!
Até a velha rede que tanto me embalou
ainda estava atada quando mamãe me beijou
e foi rezar comigo a novena dessa história.
Fonte Boa, com alegria revivi em santidade,
o intenso carinho e o afago do teu abraço,
e, hoje, acolhido no calor do teu mormaço,
saúdo aqui, a lembrança de ti, com felicidade.