Orgulho danado

Orgulho danado

Quanto canto não canto

rumino baixinho a minha terra

quando ando não ando

galopo rumo ao pé da serra

quando falo não falo

murmurejo a paz sem a guerra

quando durmo não durmo

sonho a saudade que aferra

e ainda não é tudo não

porque minha roupa é gibão

calço alpercata pisando chão

guardo um casebre no coração

uma mãe, um pai e um irmão

e saudade correndo no ribeirão

mas qualquer dia desses

desando e quero muito mais

vou morar no meio dos animais

do progresso caminhar pra trás

renascer do chão feito uma semente

ser a natureza e o que ela sente

ser como o meu povo e a minha gente

ser aquele sol de chama mais ardente

ser o meu sertão e viver mais contente

ter aquela terra como o maior presente.

Rangel Alves da Costa

blograngel-sertao.blogspot.com